- Vamos ao Getsêmani e enche tua
alma com os sentimentos de tristeza e amargura que inundaram a Minha.
Aprendei de Mim (Mateus 11,28)
- Depois de ter pregado as
multidões, curado doentes, restituído vista aos cegos, ressuscitado mortos...
- Depois de ter vivido três anos
no meio de meus Apóstolos para forma-los e ensinar-lhes Minha Doutrina...
- Acabei finalmente por lhes
mostrar com Meu exemplo, a se amarem e a se suportarem mutuamente, a praticarem
caridade uns para com os outros, lavando-lhes os pés e tornando-Me seu
alimento.
Entrega e Sacrifício
- Era chegada a hora em que o
Filho de Deus feito homem, Redentor do gênero humano, ia derramar o Sangue e
dar a Vida pelo mundo.
- Foi então que quis pôr-Me em
oração e entregar-Me a Vontade de Meu Pai.
- Almas caríssimas, Aprendei de Mim,
Vosso Modelo, que a única coisa necessária, quaisquer que sejam as revoltas da
natureza, é entregar-vos e sacrificar-vos humildemente com um ato supremo da
vontade, ao cumprimento da Vontade de Deus, seja em que circunstância for.
Oração antes da ação
- Aprendei de Mim que toda ação
importante deve ser precedida de oração e por ela vivificada, pois é na oração
que a alma alcança fortaleza para as horas difíceis.
- É pela oração que Deus
se comunica, aconselha e inspira, mesmo sem que a alma o sinta.
- Retirei-Me ao Jardim de
Getsêmani, isto é, a solidão.
- Assim a alma há de procurar a
seu Deus, longe de tudo, dentro de si mesma.
- Para O encontrar há de impor
silencio a todas as agitações da natureza, tantas vezes em luta contra a graça.
- Há de fazer calar os
raciocínios do amor próprio ou da sensualidade, que procuram abafar as
inspirações da graça e se opõem ao encontro de Deus.
- Tomei comigo Três dos meus Discípulos
para ensinar que as Três Potências da Alma devem acompanhar-vos na oração:
- Recorde-vos
a Vossa Memória as Perfeições e os Benefícios de Vosso Deus, Sua
Misericórdia, Seu Amor, Seu Poder, Sua Bondade.
- O Vosso
Entendimento procure os meios de corresponder a tantas graças
maravilhosas que multiplicou para vós.
- A Vossa
Vontade fortaleça-se com o desejo de fazer mais e melhor por Ele... de
trabalhar pela salvação das almas, quer no labor apostólico, quer no
silencio e na oração de uma vida humilde e oculta.
- Submetei a Vossa Vontade
a Vontade de Deus... Adorai Seus Desígnios para convosco, sejam quais
forem... e todo o vosso ser se prostre como convém a criatura diante do
Criador.
- Foi assim que Eu Me ofereci
para realizar a Obra da Redenção do mundo.
Agonia sem morte (Lucas 22,44)
- No mesmo instante vi cair sobre
Mim todos os tormentos da Minha Paixão, as calunias e os insultos, os açoites e
a coroa de espinhos, a sede, a cruz.
- Todas estas dores se acumularam
diante de Meus olhos e ao mesmo tempo a multidão de ofensas, de pecados e de
crimes que se cometeriam no decurso dos séculos.
- Não somente Os vi, mas senti-Me
revestido de todos esses horrores.
- E sob este fardo de ignomínias,
apresentei-Me a Meu Pai Santíssimo para implorar Misericórdia.
- Então senti precipitar-se sobre
Mim a cólera de um Deus ofendido e irritado e ofereci-Me como fiador. Eu, Seu
Filho, para aplacar Sua ira e satisfazer a Sua Justiça.
- Mas, sob o peso de tantos
crimes, experimentei na Minha natureza humana tal angústia e tão mortal agonia
que todo o Meu corpo ficou coberto com um suor de Sangue.
- Oh! Pecadores, que Me fazeis
sofrer assim. Dar-vos-á este Sangue salvação e vida? Ou ficará perdido para
vós?
- Como exprimir Minha dor,
pensando neste suor, nestas angústias, nesta agonia, neste Sangue, inúteis para
tantas e tantas almas.
Consolar e ser consolado
- Venho revelar-te os sentimentos
de Meu Coração, mas também repousar-Me no meio de vós.
- Ah, que alegria Me dão as almas
que sabem receber-Me com júbilo... porque as visito ora para consolá-las, ora
para nelas procurar consolo. Mas elas nem sempre Me reconhecem, mormente quando
tem que sofrer.
“Quando sofres, é Meu
consolo e Meu repouso.
Quando repousas, Sou
Eu que te guardo” (182)
Desperta, tu que dormes (Efésios
5,14)
- Aproxima-Te de Mim e quando Me
vires submerso num oceano de tristeza, vem comigo procurar os três discípulos
que deixei a alguma distância.
- Tinha-os escolhido para
repousar ao pé deles, associando-os a Minha prece e a Minha Angústia.
- Como dizer o que sofreu o Meu
Coração quando, indo procurá-los os encontrei adormecidos? Que mágoa para quem ama, ver-se só e sem
poder confiar nos seus.
- Quantas vezes Meu Coração sofre
com esta dor, e quantas vezes procurando alívio junto de suas Almas escolhidas,
as encontra adormecidas.
- Em vão tento despertá-las,
arrancá-las a si mesmas e as preocupações pessoais, aos entretenimentos inúteis
e frívolos. Muitíssimas vezes respondem-Me, com atos, se não com palavras:
- Agora
não posso, tenho muito que fazer, estou muito cansada, preciso de um pouco
de sossego.
- Então, insistindo suavemente,
digo a essa alma:
- Vem um
momento, vem orar comigo, agora é que tenho necessidade de ti, não receies
sacrificar esse descanso por Mim, pois serei Eu tua recompensa.
- Recebo a mesma resposta.
- Pobre alma adormecida, que não
pode velar uma hora comigo.
É vão o socorro humano (Salmo 107,
13)
- Aprendei de Mim, almas
queridas, como é inútil e vão procurar alívio junto das criaturas.
- Ao pé delas, muitas vezes não
encontrareis senão acréscimo de sofrimento, pois estão dormindo e não respondem
nem a vossa expectativa, nem ao vosso amor.
Meu Pai
- Voltando depois a Minha oração,
prostei-Me de novo, adorei o Pai e implorei-Lhe socorro.
- Não Lhe disse: “Meu Deus” mas
“Meu Pai”.
- Quando o vosso coração sofre mais,
deveis também chamar a Deus Vosso Pai.
- Suplicai-Lhe que vos ajude,
expondo-Lhe os vossos sofrimentos, os vossos temores, os vossos desejos, e, com
os gemidos da vossa dor, recordai-Lhe que sois sua filha, seu filho.
- Dizei-Lhe:
- que
vosso corpo está extenuado,
- que
vosso coração está opresso até a morte,
- que
vossa alma parece experimentar o suor de sangue.
- Orai com confiança de filha e
esperai tudo dAquele que É Vosso Pai.
- Ele próprio vos consolará e vos
dará a força necessária para atravessar a tribulação ou o sofrimento, seja este
vosso ou das almas que vos são confiadas.
- Minha alma, triste e
desamparada ia sofrer angústia ainda mais mortal, pois sob o peso das
iniquidades dos homens e em troca de tanto padecimento e de tanto amor só via
Eu ultrajes e ingratidões.
Sangue Divino! Méritos infinitos!
- O Sangue que escorria por todos
os Meus poros e que daí a pouco havia de jorrar de todas as minhas feridas
seria inútil para muitíssimas almas, muitas se perderiam, outras, em maior
número, Me ofenderiam, e grandes multidões nem sequer Me conheceriam.
- Eu derramaria Meu Sangue por
todas e Meus Méritos seriam oferecidos a cada uma; Sangue Divino! Méritos
infinitos! Inúteis entretanto para tantas e tantas almas.
- Sim, por todas derramaria Meu
Sangue e todas seriam amadas com grande Amor:
·
Mas para algumas quanto seria mais terno, mais
delicado, mais ardente este Amor. Dessas almas escolhidas esperava Eu mais
consolo e amor, mais generosidade e abnegação; em uma palavra, mais
correspondência as Minhas Bondades.
·
Mas ai! Quantas vi, naquele momento,
desviarem-se de Mim; fecharem umas os ouvidos a Minha voz; outras ouvirem-na
sem a seguirem; outras, corresponderem por algum tempo, com certa generosidade
mesmo, ao Apêlo de Meu Coração, depois adormecerem pouco a pouco, e um dia
chegarem a dizer-Me por sua obras:
o Já
trabalhei bastante, fui fiel aos pormenores de minhas obrigações, dominei minha
natureza, vivi na abnegação; agora preciso de um pouco mais de liberdade, já
não sou criança. Tantas privações, tanta vigilância, não são mais necessárias,
bem posso largar tal coisa que me incomoda, etc...
- Pobre alma! Começas a
adormecer?
- Dentro em pouco voltarei e, no
teu sono, não me ouvirás.
- Virei oferecer-Te Minha Graça e
não a receberás.
- Terás algum dia força para
despertar?
- Não é para temer que, tendo
ficado por longo tempo sem alimento, te enfraqueças e não possas mais sair de
tua letargia.
- Almas que amo, sabei que muitos
foram surpreendidos pela morte no meio de profundo sono.
- Onde e como acordaram?
- Tudo isso estava diante de Meus
olhos e de Meu Coração.
- Que fazer?
- Recusar?
- Pedir ao Pai que Me livrasse
dessa angústia?
- Representar-Lhe a inutilidade
de Meu Sacrifício para tantas almas?
- Não!
- Submeti-Me novamente a Sua
Vontade Santíssima, aceitei o Cálice para esgotá-lo até as fezes.
Não recuse o sofrimento
- Assim procedi para ensinar-Vos
a não recuar diante do sofrimento.
- Nunca julgueis inútil, mesmo se
não virdes o seu resultado:
- Submetei
o vosso juízo e deixai que a Vontade Divina opere e se cumpra em vós.
- Eu não quis recuar nem fugir,
e, sabendo que ali naquele Jardim viriam prender-Me os inimigos. De lá não
arredei o pé.
Os traidores
- Depois de ter sido reconfortado
pelo Enviado de Meu Pai (Lucas 22,43), vi que se aproximava Judas,
um dos Meus Doze Apóstolos e atrás dele vinham os que haviam de apoderar-se de
Mim.
- Estavam armados com bordões e
pedras, traziam correntes e cordas para Me prender e amarrar.
- Levantei-Me e indo-lhes ao
encontro, disse-lhes: “A quem procurais?”
- Então Judas, pondo as mãos
sobre os Meus ombros, beijou-Me!
- Ah! Judas, que fazes e que
significa este ósculo?
- A quantas almas não posso Eu
dizer também. Que fazeis? Por que Me atraiçoais com um ósculo?
Reuniões perigosas
- Alma que amo, que acabas de Me
receber, que Me repetes os protestos do teu amor; mal sais da Minha presença,
logo Me entregas aos Meus inimigos?
- Bem sabes que nessa reunião que
te atrai, há conversas que Me ferem e tu, que Me recebeste pela manhã e Me
receberás talvez no dia seguinte, perdes ali a brancura preciosa de Minha
Graça.
Negócios ilícitos
- Porque levas adiante esse
negócio que te enegrece as mãos? Direi a outra.
- Não sabes que não é licito o
modo por que adquires essa fortuna, como te elevas a essa posição e como
procuras esse bem estar?
- Tu Me recebes e Me beijas como
Judas, depois, dai a alguns instantes, ou quando muito, daí a algumas horas, és
tu mesmo que dás sinal aos Meus inimigos para que me reconheçam e se apoderem
de Mim.
Amizade perigosa
- Também Me dirijo a ti, alma
Cristã, que Me atraiçoas com essa amizade perigosa.
- Não só Me acorrentas e Me
lapidas, mas és causa de que outra Me atraiçoe também.
- Por que Me entregas assim? Tu
que Me conheces e que mais de uma vez te tens gloriado da tua piedade e da tua
caridade?
- Sem dúvida, poderias recolher
com elas grande mérito mas na realidade, que são senão véu que encobre tua
malícia?
Almas escolhidas
- Amigo, por que vieste?
- Judas! Com um beijo traiste o
Filho de Deus, Teu Mestre e Teu Senhor. Aquele que te ama e está pronto a te
perdoar ainda... tu, um dos Meus Doze... um dos que se sentaram a Minha Mesa e
aos quais lavei Eu próprio os pés.
- Quantas vezes posso e devo
falar assim as almas mais caras a Meu Coração.
- Alma querida! Porque te deixas
arrastar por esta paixão?
- Porque lhe deixas campo livre?
- Não está sempre em teu poder te
livrares dela, mas só te peço combate-la, lutar e resistir-lhe.
- Que são os prazeres
momentâneos? Senão os trinta dinheiros por que Judas Me vendeu e que só
serviram para perdição?
- Quantas almas Me te vendido e
Me venderão ainda pelo preço vil de um deleite passageiro.
- Ah! Pobres almas. A quem
procurais?
- A Mim? A este Jesus que
conheceis e que amáveis?
Vigiai e orai (Mateus 26,41)
- Sim, trabalhai sem descanso a
fim de que vossos defeitos e vossas más inclinações não cheguem a se
transformar em hábitos.
- A erva dos campos dever ser
ceifada todos os anos e, até mesmo, em cada estação.
- É preciso lavrar a terra para
fortifica-la e arrancar incessantemente as ervas daninhas.
- Do mesmo modo, a alma deve
vigiar e endireitar com cuidado as suas tendências defeituosas.
- Nem sempre é uma falta grave
que abre caminho a desordens piores.
- O ponto de partida das maiores
quedas é frequentemente pouca coisa:
- Um
pequeno gozo;
- Um
momento de fraqueza;
- Um
consentimento, talvez licito, mas pouco mortificado;
- Um
prazer legitimo em si, mas que não convém.
- Tudo isso aumentando e
multiplicando-se, a alma vai caindo na cegueira, a graça tem menos
preponderância, a paixão se fortifica e afinal triunfa.
- Ah! Como é triste para o
Coração de Deus, cujo Amor é infinito, ver tantas almas aproximarem-se
insensivelmente no abismo.
Balança do Amor
- Toma a Cruz e nada temas.
- Nunca ultrapassará tuas forças,
pois Eu a medi e a pesei na Balança do Amor.
- Ah! Sabes quanto te amo e
quanto amo as almas. É por elas que Me sirvo de ti, pois embora sejas muito
pequena e pouco valhas, utilizo tua pequenez conservando-te unida a Meus
Méritos e a Meu Coração.
- Fica com Minha Cruz e sofre
pelas almas e por amor de Mim.
Pecado, arma contra Deus
- Como as almas que Me ofendem
gravemente, Me entregam aos inimigos a fim de que Me levem a morte, ou antes,
são elas que se tornam inimigas e a arma de que se servem contra Mim é o
pecado.
Almas de eleição
- Não se trata porém sempre de
grandes quedas.
- Há também almas, e almas de
eleição que Me atraiçoam por:
·
suas faltas habituais,
·
suas más inclinações não combatidas,
·
suas condescendências com a natureza
imortificada,
·
suas faltas de caridade, de obediência, de
silêncio, etc...
- E se Meu Coração sofre com os
pecados e a ingratidão do mundo, quanto mais, se são ofensas vindas de almas
muito amadas.
- Se o beijo de Judas Me causou
tanta dor, foi justamente por ser dos Meus Doze e que dele, como dos outros, esperava
Eu mais amor, mais consolo, mais delicadeza.
- Ó vós, que escolhi para lugar
de Meu repouso e Jardim das Minhas Delicias, de vós também espero muito mais
amor, ternura, delicadeza, que de outras que não Me são tão intimamente unidas.
- Sêde o bálsamo que cicatriza as
Minhas feridas, enxugai Minha Face manchada e desfigurada.
- Ajudai-Me a esclarecer as almas
cegas que, na escuridão da noite, Me prendem e Me amarram para Me conduzirem a
morte.
Sou Eu, aquele que te ama
- Não Me deixeis só.
- Acordai e vinde, porque se
aproximam os Meus inimigos.
- Quando os soldados avançaram
para Me prender, disse-lhes:
- Sou Eu!
É a palavra que repito a alma que se acerca do perigo e da tentação; Sou
Eu sim, Sou Eu! Tu vens para Me trair e Me entregar.
- Não importa!
- Vem, Sou Teu Pai e se quiseres,
ainda estás a tempo:
- Perdoar-te-ei;
e ao invés de Me amarrares tu, com teus pecados; Eu é que te prenderei com
os laços do Meu Amor.
- Vem, Sou Aquele que te ama.
Aquele que derramou todo o Sangue por ti.
- Tenho compaixão de tua fraqueza
e espero-te, com desejo ardente de te acolher em Meus Braços.
- Vem, alma Minha Esposa, Meu
Sacerdote, Sou a Misericórdia infinita.
- Não te hei de castigar, não te
hei de repelir, mas abrir-te-ei Meu Coração e Te amarei com mais ternura ainda.
- Lavarei tuas manchas no Sangue
de Minhas Chagas.
- Tua beleza recobrada causará
admiração ao céu e Meu Coração repousará em ti.
Apelo as almas
- Ah! Que tristeza, quando,
depois de um apelo destes a almas cegas e ingratas, elas Me ligam e Me conduzem
a morte.
- Depois de Me ter dado o beijo
da traição, Judas saiu do Jardim e compreendendo o alcance de seu crime, caiu
em desespero.
- Quem poderá calcular a Minha
Dor quando vi Meu Apostolo correr para a perdição eterna?
- Entretanto soara a hora e,
dando inteira liberdade aos soldados, entreguei-Me com docilidade de cordeiro.
- Arrastaram-Me logo a casa de
Caifaz onde fui recebido com zombarias e insultos, onde um dos criados Me deu a
primeira bofetada.
- A primeira bofetada.
- Compreende isto bem: Acaso Me
fez sofrer mais que os golpes da flagelação? Não, mas nesta primeira bofetada,
Eu vi o primeiro pecado mortal de tantas almas que tinham, vivido até então na
Minha Graça.
- E depois do primeiro, quantos
outros, e quantas almas arrastadas pelo exemplo ao mesmo perigo.
- Talvez a mesma desgraça: a
desgraça de morrer em pecado.
“Apelo ao Amor” A
mensagem do Coração de Jesus ao Mundo e Sua Mensageira Irmã Josefa Menéndez da
Sociedade do Sagrado Coração 12 a 15.março.1923. (378)
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