Quem ama a Jesus,
não tem inveja das grandezas do mundo
1. Explicando
esta qualidade da caridade, S.Gregório diz que ela não é invejosa, porque não
cobiça as grandezas terrenas.
Não deseja
grandezas, mas as deixa de lado.
- É preciso distinguir duas
espécies de inveja: uma é prejudicial e outra é santa.
Inveja prejudicial é aquela que cobiça e se
entristece com os bens do mundo possuídos por outros nesta terra.
Inveja santa é aquela que não cobiça, mas ao contrário,
tem compaixão dos ricos deste mundo vivendo entre honras e prazeres mundanos. Não
procura nem deseja senão a Deus, nada pretende nesta vida senão ama-lo sempre
mais; por isso inveja santamente quem o ama mais, querendo superar no amor até
os próprios anjos.
2. Essa é a única finalidade que as almas santas procuram
e assim, como que ferem e inflamam de amor o Coração de deus, que lhe fazem
dizer: “Feriste o meu coração, minha querida esposa, feriste o meu coração com
um dos teus olhos”. Este “um de teus olhos” significa o único fim que tem a
pessoa em todos seus atos e pensamentos: agradar a Deus.
- Os homens do
mundo olham para as coisas com vários olhos, isto é, com diversos fins
desordenados: agradar aos homens, conquistar honras, adquirir riquezas ou, ao
menos, contentar a si próprios. Mas os santos têm somente um olhar para ver, em
tudo quanto fazem, só a vontade de Deus. “Que tenho a desejar neste mundo e no
outro fora de vós, meu Deus! Vós sois minha riqueza e o único Senhor de meu
coração” Dizia S.Paulino: “Tenham os ricos as suas riquezas e os reis os seus
reinos;
vós meu Jesus,
sois o meu tesouro e o meu reino”.
Pureza de intenção
3. Observemos, portanto, que não basta fazer boas obras,
as é preciso fazê-las bem. Para que as nossas obras sejam boas e perfeitas é
necessário fazê-las com pura intenção de agradar a Deus.
- Este foi o grande louvor
dirigido a Jesus cristo: “Fez bem todas as coisas”
- Muitas ações, boas em si
mesmas, pouco ou nada valerão junto de Deus porque feitas para outro fim e não
para a glória divina.
- S.Maria Madalena Pazzi
dizia: “Deus remunera as nossas boas obras segundo a pureza de intenção”, que dizer,
quanto mais pura é a nossa intenção, tanto mais o Senhor aceita e recompensa as
nossas obras. Mas como é difícil encontrar uma ação feita unicamente para Deus!
- Conheci um velho e santo
religioso que trabalhou muito para Deus e morreu como um santo. Um dia, depois
de olhar para sua vida passada, triste e muito preocupado, me disse: “Pobre de
mim! Examinando todas as ações de minha vida, não acho nenhuma que tenha feito
só para Deus”.
- Maldito amor próprio que faz
perder todo ou em grande parte o fruto das nossas boas obras! Quantos há que,
mesmo nos seus trabalhos mais santos de pregador, confessor, missionário, se
cansam, se sacrificam e pouco o quase nada lucram com isso, porque não tem em
vista unicamente a Deus, mas a glória mundana, o interesse, a vaidade de
aparecer ou, ao menos, a própria inclinação!
4. “Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos
homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto
de vosso Pai que está no céu”. Quem age só para contentar seu próprio gosto, já
recebe o seu prêmio: “Em verdade vos digo, já receberam a sua recompensa”, que
se compara a um pouco de fumaça ou a uma satisfação que passa depressa e nenhum
proveito deixa para a alma.
- Diz o Profeta Ageu 1, 6 que
quem trabalha para outro fim, que não o de agradar a Deus, guarda sua recompensa
num saco furado, onde nada achará quando for abri-lo”
- Daí é que acontece que
alguém fica todo inquieto se, após muitas fadigas, fracassa em seu
empreendimento. Isso é sinal de que não teve em vista somente a glória de Deus.
Quem pratica uma ação só pela glória de Deus, não se perturba, mesmo que não
seja bem sucedido. Tendo agido com reta intenção de agradar a Deus, já alcançou
o fim que desejava.
Os Sinais
5. Eis os sinais para conhecer se uma pessoa faz qualquer
trabalho espiritual age só por Deus:
1º. Quem
age só para Deus não se perturba em caso de fracasso, porque Deus não querendo,
ele também não quer.
2º. Alegra-se
com o bem que os outros fazem, como se ele mesmo o tivesse feito.
3º. Sem
preferência para trabalhos, aceita de boa vontade o que a obediência lhe pede.
4º. Tendo
cumprido seu dever, não fica a espera de louvores nem aprovações dos outros. Por
isso, não fica triste se o criticam ou o desaprovam, alegrando-se somente em
ter contentado a Deus. Se, por acaso, recebe qualquer elogio do mundo, não se
envaidece, mas afasta a vanglória dizendo-lhe: “Segue o teu caminho; chegaste
tarde porque o meu trabalho já esta dado todo a Deus”
6. Entrar
na alegria do senhor, participar da alegria de Deus é justamente isto segundo a
promessa feita aos servos fiéis: “Servo bom e fiel, porque foste fiel nas
pequenas coisas, entra na alegria do teu Senhor”. Se temos a sorte de fazer
alguma coisa que agrada a Deus p que mais queremos?. A maior graça, a maior
felicidade que uma criatura pode desejar é dar gosto a seu Criador.
7. É
precisamente isso que Jesus Cristo exige de uma pessoa que o ama: “grave-me
como um selo sobre seu coração e sobre seu braço” Ct 8,6; sobre seu coração,
isto é, quando pensa em fazer alguma coisa, deseja fazê-la somente por amor de
Deus. Sobre o seu braço, isto é, quando realiza uma ação, faz tudo para dar
gosto a Deus, de sorte que Deus seja sempre o único fim de todos seus
pensamentos e ações.
- S. Tereza dizia que quem
quiser chegar a santidade deve vir sem nenhum outro desejo senão o de agradar a
Deus. “Não existe preço com que se possa pagar qualquer coisa feita por Deus,
por pequena que seja”. Com razão, porque tudo que faz para agradar a Deus é um
ato de caridade que nos une a Deus e nos obtém bens eternos.
8 A pureza de intenção é chamada a “alquimia celeste” que
transforma o ferro em ouro, pois as ações mais comuns, como o trabalho, as
refeições, o recreio, o repouso, feitas por amor a Deus, se convertem em ouro
de santo amor.
- S. Maria Madalena Pazzi
tinha por certo que vai direto para o céu, sem passar pelo purgatório, quem faz
tudo com pura intenção.
- Conta-se de um santo eremita
que antes de começar qualquer trabalho, parava um pouco e levantava os olhos ao
céu. Perguntaram-lhe o porque, no que respondeu: “ Procuro acertar o golpe”
queria dizer com isso que, assim como um caçador antes de disparar a arma faz
pontaria para não errar o tiro, ele também, antes de fazer qualquer coisa,
tomava como alvo a Deus a fim de que a ação fosse conforme a vontade de Deus. Assim
nós devemos fazer também. Será bom, durante o trabalho, renovar de tempo e
tempo a boa intenção de agradar a Deus.
A Prática de amor a Jesus Cristo Cap VII–
Santo Afonso Maria de Ligório
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