Faculdades da Alma e os Mandamentos de Deus
- Sabes que os Mandamentos da Lei
se reduzem a dois; sem eles, nenhum outro é observado.
São Amar-me sobre todas
as coisas e amar o próximo como a ti mesmo.
- Eis o começo, o meio e o fim
dos Mandamentos da Lei.
- Todavia esses ‘dois’ não se
‘reúnem’ em Mim sem os ‘três’, isto é, sem a unificação das três Faculdades da
alma: a memória, a inteligência e a
vontade.
* A memória há de recordar-se dos meus benefícios e da minha
bondade;
* A inteligência pensará no amor inefável revelado em Cristo, pois
ele se oferece como objeto de reflexão para manifestar a chama do meu amor;
* A vontade, unindo-se as duas faculdades anteriores, me amará e
desejará como seu fim.
- Quando essas três Faculdades
estão assim reunidas, acho-me presente entre elas pela graça.
- E, como
conseqüência, a pessoa vê-se repleta de amor por mim e pelo próximo, ‘na
companhia’ de verdadeiras e múltiplas virtudes.
- Em primeiro lugar,
a vontade se dispõe a ter sede.
- Sede das virtudes,
sede da minha glória, sede das almas.
- As demais sedes se apagam e
morrem.
- Tendo subido o primeiro degrau, da afeição, o homem caminha seguro de
si, sem temor servil.
- Livre do egoísmo, a vontade se põe acima de si mesma e
acima dos bens passageiros.
- Se a pessoa quer possuir tais bens, ama-os e deles
se serve de mim, com temor santo e verdadeiro, virtuosamente.
- Em seguida, passa-se ao
segundo degrau, o da inteligência,
no qual a pessoa, em cordial amor por mim, medita sobre Cristo Crucificado,
enquanto mediador.
- Por fim a memória enche-se da minha caridade e
alcança a paz e a tranquilidade.
- Um recipiente vazio, ao ser
tocado, faz rumor;
o recipiente cheio, nenhum som produz.
- Da mesma forma,
quando a memória está tomada pela
luz da inteligência e pelo amor, a
pessoa já não se perturba diante das adversidades ou atrativos do mundo;
está
repleta da minha presença, como sumo bem;
não sente falsas alegrias, nem
impaciência.
- Quando o homem sobre os três
degraus comuns (despojamento dos vícios,
aquisição de virtudes e a paz), suas faculdades unificam-se, colocam-se sob
o domínio da razão e ‘congregam-se’
em meu nome.
- Uma vez reunidos os dois amores:
–por Deus e pelo próximo-
com as
três faculdades:
a memória para
reter,
a inteligência para refletir
e
a vontade para amar
encontra-se o homem na
minha companhia, forte e seguro;
está na companhia das virtudes;
caminha seguro
de si.
- Estou presente nele.
- Parte, então, o cristão,
inflamado de desejo santo, sequioso de ir pelo caminho da verdade, a procura da
fonte da água viva.
- É o desejo da minha glória,
da salvação pessoal e
da
santificação alheia que incentiva a caminhar,
pois é o único meio que
possibilita alcançar a meta final.
(O Diálogo-Santa Catarina de Sena,
pg122)
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