- E eis aí que, tal como a mãe se
debruça em ato amoroso sobre o seu menino, para dizer-lhe, e tornar-lhe a dizer
a frase que ele há de, posteriormente, repetir em correspondência de afeto,
assim Jesus dignou debruçar-se sobre uma alma pequenina – Soror Consolata
Betrone – para ditar-lhe, e logo exigir-lhe, o ato incessante de amor, que veio depois a constituir a vida da sua
vida espiritual, o meio principal com que ela exercitou a sua vocação de amor,
e finalmente ainda sua vida de amor.
- Fórmula de amor esta que Jesus
ditou a Soror Consolata para ser ensinada as almas.
- O ato de amor ditado por Jesus
a Soror Consolata é assim Formulado:
JESUS, MARIA, AMO–VOS,
SALVAI ALMAS
- Algumas considerações
importantes sobre o valor deste ato de amor:
1-
Não é possível formular, em tão poucas palavras, ato
mais perfeito de amor, no sentido acima exposto. Está nele tudo: amor a Jesus,
a Maria e às almas.
2-
É ato de puro
amor, com o qual se dá a Deus quanto de mais excelente se Lhe pode dar: amor e
almas.
3-
É, ao mesmo tempo, ato de caridade perfeita, porque o amor do próximo tem nele a mais alta
expressão, na incessante súplica em favor das almas – de todas as almas,
incluindo as do purgatório -, bem como de todas as suas precisões, de acordo
com a explicação que dele dará o próprio Jesus.
4-
Compendia, por isso, os dois grandes mandamentos, que são, por sua vez, compêndio de toda a
Lei.
5-
Mais ainda: pelo fato de ser incessante – no
sentido que se vai explicar a seguir -, leva a alma ao cumprimento literal e
perfeito do mesmo primeiro mandamento
– Amar a Deus com todo o coração: o
ato de amor há de brotar do coração, é o coração que ama o mais incessante e
intensamente possível;
– com toda a mente: a continuidade
do ato exclui, de per si, todo pensamento inútil voluntário;
- com toda a alma: (como diz São Tomáz, com toda a vontade:) o ato incessante de amor radica
no fervor da vontade, não do sentimento;
- com todas as forças: para
conseguir a maior continuidade e intimidade de amor é mister fazer convergir
para ele todas as energias da alma.
O homem é a perfeição do universo,
a alma é a perfeição do homem,
o amor é a perfeição da alma...porém, acima de tudo,
o amor de Deus é o fim, a perfeição e a excelência do universo.
- Nisto consiste a grandeza e o primado do Mandamento
Divino, que o Salvador chama de primeiro e o maior dos mandamentos.
- Este mandamento é como o sol que ilumina e
infunde dignidade a todas as leis santas, a todos os preceitos divinos, a todas
as Sagradas Escrituras.
- Tudo foi feito para esse celeste amor e
tudo a ele se refere.
- Do sagrado tronco deste mandamento
brotaram todos os conselhos, as exortações, as inspirações e os outros
mandamentos, como flores da mesma arvore, e a vida eterna como seu fruto.
Mandamento grande, cuja prática perfeita perdura na vida eterna, melhor, outra
coisa não é que essa mesma vida eterna
São Francisco
de Sales
6-
O ato de amor, tanto em si como na referida fórmula,
sendo também oração, melhor dito, a perfeita oração, leva a alma à prática
literal e perfeita de outro preceito evangélico:
“É preciso orar sempre, sem nunca
desfalecer” Lucas 18,1.
7-
Por meio dele, a alma vive a vida sobrenatural o mais intensamente possível:
para
glória de Deus, santificação própria e salvação das almas.
8-
Por meio dele, a alma vive essencialmente mortificada, no esquecimento de tudo e na doação
silenciosa de si mesma, e vem assim a estabelecer-se no estado de vitima de amor.
- Jesus,
todavia não se propôs sugerir às almas uma jaculatória apenas: teve o intuito
de indicar-lhes um caminho espiritual
que lhes facilitasse a vida de amor.
- O Ato
Incessante de Amor é, portanto, uma contínua e silenciosa efusão de amor.
- A fórmula –
não fique isto esquecido – é apenas uma ajuda, para a alma poder mais
facilmente fixar-se no amor e amor perfeito.
- Conclui-se
isto também das palavras de Jesus a Sóror Consolata, que podem servir de
introdução à doutrina sobre o Ato Incessante de Amor (16.11.1935) Escreve isto:
“Se uma criatura de boa vontade quiser
amar-ME e fazer da própria vida um ato só de amor, desde o levantar ao
adormecer – com o coração, já se entende -, Eu farei, por esta alma, loucuras.”
- O fruto da
vida de amor é, portanto, a união da alma com Jesus, para alcançar a
santidade. È este o tesouro de que fala o Evangelho, e quem o descobriu compra
o campo onde ele está escondido, vendendo para isso quanto tenha. Para o
conseguir há de despojar-se de tudo, rigorosa mortificação do coração e dos
sentidos, tanto internos como externos.
- Jesus, Rei
de Amor, dá tudo, mas quer tudo;
·
o coração com todas as palpitações,
·
a mente com todos os pensamentos,
·
os sentidos com todas as operações,
·
a alma com todas as potências.
- Depois disso, não põe limites
em dar nem em dar-se, e a alma, como que absorvida por Ele, vive e age Nele, em
tão inefável intimidade de afetos e entendimentos que só tem paralelo na vida
dos habitantes do céu.
E não é justo que a criatura se consuma
pelo seu criador?” 146
“As almas Pequeníssimas amarão imensamente à Virgem Senhora, porque o Ato
Incessante de Amor que oferecem a Jesus é também para Maria Santíssima”...a
verdadeira e perfeita alma Pequeníssima.
147
“Ó Maria Imaculada, poderosa advogada
minha, eis-me prostrada aos vossos pés para renovar o ato com que me consagrei
como alma Pequeníssima ao Santíssimo Coração de Jesus.
- Para Jesus e para Vós são todos
os meus pensamentos e afetos, todo o meu coração e toda minha vida.
- Neste dia Bendito em que a
Igreja recorda o Vosso aparecimento entre nós, incorporada, como Jesus, em
nossa natureza, tomai, por favor, o peço, sob a proteção especial a nova Obra
das almas Pequeníssimas de Jesus,
concretizada na maravilhosa e miraculosa laus
perennis infantil, que o Vosso Divino Filho mostrou ser-lhe agradável e
abençoar com as graças mais sublimes do seu Divino Coração.
- Eu confio ao Vosso Imaculado Coração as minhas
consolações e as minhas penas, os meus temores e as minhas esperanças, nas
divinas expressões do ato incessante de amor.
- Alcançai-me que eu acabe a
minha vida como Jesus acabou a sua, dando-a em homenagem à Santíssima Trindade
e a Vós por todos os séculos dos séculos”
[Festa da Natividade de Nossa
Senhora em 1937- onde Joana, a primeira “Piccolissima”(alma
Pequeníssima), renova sua consagração]
Extraído do livro: O Coração de Jesus ao Mundo-Pe.Lourenço Sales/Loyola-1985.
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